O preço médio do litro da gasolina nos postos deve passar de R$ 7 nos próximos dias com o reajuste de 18,8% às distribuidoras anunciado pela Petrobras na manhã desta quinta-feira, 10. O valor já é encontrado em diversas partes do país, segundo levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mas deve se tornar mais comum. A última pesquisa, com preços observados até o último sábado, 5, apontou para o valor médio de R$ 6,57. O aumento nas refinarias não deve ser repassado integralmente aos consumidores, mas somente parte desta alta já é suficiente para elevar substancialmente o preço nas bombas.
Estudo da Necton Investimentos prevê o repasse de 11,6% aos consumidores, elevando o preço médio para R$ 7,33. No caso do diesel, a majoração deve ser ainda maior. A Petrobras aumentou o preço do litro em 24,9% nas refinarias. Segundo a casa, o consumidor deverá arcar com 18,3%. Atualmente, o litro do S10 está em média de R$ 5,66. Com o aumento, o valor vai a R$ 6,69. Outro levantamento da Terra Investimentos aponta reajustes de 6,5% para a gasolina e 12,5% no diesel. Caso eles se concretizem, o valor médio do litro passaria a R$ 6,99 e R$ 6,36, respectivamente.
A dependência da economia brasileira ao transporte terrestre faz com que o aumento dos combustíveis reverbere por diversos segmentos. A elevação nas bombas deve pressionar ainda mais a inflação. Após o anúncio da Petrobras, a Necton passou a cogitar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 6,5% no fim do ano, ante a atual projeção de 6%. Na Terra, a expectativa foi mantida em 7,2%, apesar do aumento das expectativas dos próximos meses. “Este aumento do preço da gasolina, sozinho, tem um impacto de 0,45 ponto percentual na inflação. Nossa projeção para a inflação de março e abril foi revista para cima, de 0,75% e 0,4% para 1,1% e 0,55%, respectivamente”, afirma o economista Homero Azevedo Guizzo.
O aperto inflacionário acende o alerta para os impactos na economia. “Como o manuseio de mercadorias é feito quase que integralmente por via terrestre, teremos um grave problema, até porque as empresas não estão absorvendo esses aumentos. As transportadoras estão a ponto de parar”, afirma o sócio da Corporate Consulting e especialista em reestruturação de empresas, Luis Alberto Paiva. Segundo ele, o preço dos transportes representa até 5% dos custos das empresas. “Esse custo deve subir para 6%, 7%, facilmente, e nenhuma empresa consegue absorver isso”, diz.
Publicado por Jovem Pan