Estratégia é começar pelas cidades do Sudeste. Varejista de moda sueca já atua em nove países na América Latina

A varejista de moda sueca Hennes & Mauritz (H&M) anunciou nesta segunda-feira que pretende lançar lojas físicas e operação de vendas
on-line no Brasil em 2025. Hoje, a rede tem lojas em nove países da América Latina.

A empresa disse que, inicialmente, as operações serão concentradas em grandes cidades da Região Sudeste e que deve avançar no país ao
longo do tempo.

Para iniciar suas atividades no Brasil, a companhia fez uma parceria com o Dorben Group, empresa especializada na distribuição de marcas de luxo na região, para apoiá-la nessa expansão.

“Tivemos um bom desenvolvimento na América Latina e vemos bastante potencial no Brasil”, afirmou em comunicado Helena Helmersson, diretora-presidente da H&M.

A primeira unidade da H&M na América Latina foi aberta no México, em 2012. Além dele, a marca tem presença em Peru, Uruguai, Chile,
Colômbia, Equador, Guatemala, Panamá e Costa Rica.

Não é a primeira vez que a marca, que tem forte atuação na Europa, ensaia uma entrada no varejo brasileiro. Em 2014, um anúncio de
abertura de lojas físicas no Brasil chegou a ser feito, mas houve um recuo no mesmo ano.

A marca global tem forte atuação no segmento de fast fashion de preços mais acessíveis, mas para especialistas, a empresa deverá se posicionar no Brasil como uma varejista de preços médios e com um trabalho forte de marca. Reforça essa impressão o fato de que a
chegada da H&M no país se dará em parceria com o Dorben Group, que representa marcas de luxo como Carolina Herrera, Valentino e
Jimmy Choo.

A situação do varejo de vestuário atual é complexa para as grandes marcas brasileiras que disputam o mercado de tíquete médio mais
acessível, em boa medida devido à alta taxa de juros e à competição com plataformas de ecommerce internacionais.

— A expectativa da vinda da H&M já ocorreu antes, e acabou frustrada. A situação do segmento não é melhor que antes. Na verdade, existem mais problemas agora no horizonte. As empresas locais, como C&A, Marisa, Veste, Riachuelo, Renner, tem tido resultados fracos e há incertezas quanto ao tratamento fiscal dado às (plataformas) chinesas — ressalta André Pimentel.

O especialista ressalta que, como a marca já tem presença em outros países da América Latina "alguma escala por aqui pode ajudar no conjunto geral".

Presidente da Corporate Consulting, Luís Alberto de Paiva afirma que a H&M no Brasil deverá competir com a Zara, varejista espanhola com presença global e que, por aqui, tem preços acima do varejo mais popular.

— O mercado brasileiro tem resultados ruins e um nível de endividamento alto, de fato, mas o grupo H&M é muito competitivo e concorre diretamente com a Zara. Em 2025, que é quando eles querem entrar aqui, vamos presenciar um mercado que pode estar diferente. Até lá, grandes redes varejistas que hoje passam por dificuldades tendem a estar inviabilizadas e a entrada do grupo traria cenário de mais competitividade, criatividade e preços agressivos — afirma Paiva.

Um especialista no setor varejista diz que a H&M provavelmente deverá priorizar a abertura de lojas em shoppings centers e com lojas âncoras.

Fernando Gambôa, sócio da KPMG, ressalta que há espaço no varejo de moda no Brasil para varejistas que tenham como público-alvo a
classe média e média-alta, que não necessariamente entram na competição predatória de preços. Até 2025, o especialista espera que a taxa de juros tenha arrefecido, o que pode estimular o varejo.

— No curto prazo, o cenário para as grandes empresas brasileiras de vestuário ainda é desafiador, mesmo que se inicie um corte na taxa de juros. Várias companhias terão de tomar a difícil decisão de fechar lojas deficitárias — salienta ele.

Matéria Publicada por O Globo