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Recuperações judiciais em alta indicam período de incertezas

Publicado em 15/03/23

estado de sp

O impacto causado por algumas redes de varejo que culminaram em pedidos de recuperação judicial não são fatos isolados justificados somente por pandemia ou baixa retomada do mercado consumidor no ano de 2022. Em que pese o grave problema de não terem sido apontados nos balanços, o problema de resultados inadequados com imensa oferta de recursos tem mascarado operações não saudáveis, principalmente no setor varejista.

Usar de recursos como omitir operações de risco sacado, ou mesmo ferramentas de deferimento de custos e despesas contra investimentos são métricas muito utilizadas em todo o mercado e não somente no varejo.

As auditorias, sem dúvida, deveriam, ao menos, citar nas notas explicativas dos balanços quem monitora a integridade do papel das auditorias, dos gestores e até mesmo daqueles que concedem crédito apenas em análises de balanço.

Certas operações, que se sustentam tão somente pela enorme oferta de crédito, têm sua gestão cada vez mais complicada quando deixam de ser empresas industriais, de varejo ou de serviço, para virarem operadoras de mercado financeiro, com manobras cada vez mais difíceis em meio a tantas regras de compliance e governança.

Sejamos claros, todos sabem os riscos que estão correndo sejam fornecedores, instituições financeiras, auditorias e até mesmo sócios e executivos, mas pouco têm feito para o saneamento das contas internas. Quebrar paradigmas é exposição que não interessa quando o ciclo vicioso interessa às partes relacionadas.

Quer queiram ou não mudar paradigmas e buscar realmente o saneamento, o mercado mudou, não somente no Brasil, mas no mundo, e isso elevou o custo do dinheiro e tornou as empresas menos rentáveis. Lamentavelmente, muitas vão sucumbir por falta de oportunidades de investimentos, por menos possibilidades de manobras fiscais e por um nível de fiscalização e concorrência cada vez mais apurado.

Ao final de uma trajetória de desastres de resultados, o que sobra são dívidas fiscais, trabalhistas, com fornecedores, com instituições financeiras, com investidores, locadores, prestadores de serviço etc.

Como chegamos ao ponto de termos grandes redes sucumbindo, infelizmente, as contas ficam no colo dos credores, que, por sua vez, também entram num ciclo muito complexo junto aos seus credores. O ciclo vicioso destrói riquezas em diversos níveis, e o mapeamento fica muito complexo.

Cada um se salva como pode, e quem consegue planejar o desastre fica em posição privilegiada. A maior parte da solução vem com medidas judiciais protetivas como recuperação judicial e extrajudicial - um contraponto necessário ao processo de concentração de riqueza.

Toda vez que nos deparamos com empresas mal geridas, noto a dificuldade do gestor em entender o que pode agregar o trabalho de gestores de crise no negócio deles, pois sempre sabem onde comprar bem, onde cortar custos e despesas ou como formar preços. Mas gerir é entender as movimentações e tendências de mercado, qual o impacto sobre os negócios, de maneira a reposicionar produtos, serviços e relações negociais com antecedência e estrutura de capital necessária à disposição.

Lamentar-se pelo fato de que um grande grupo econômico sucumbiu e rompeu o fluxo de pagamentos, me parece desconhecimento do próprio mercado que atua, e isso faz parte daquele conjunto de estratégias erradas citadas.

Empresas e negócios têm ciclos, precisam ser reinventados a todo momento. Isso justifica como alguns crescem e formam riquezas enquanto outros perdem espaço e se alojam na massa cinzenta de riscos e incertezas.

Matéria Publicada por Estadão

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