Alta da Selic pode agravar pedidos de recuperação judicial no Brasil, aponta economista. Juros elevados dificultam renegociação de dívidas.
A nova alta na taxa Selic, anunciada nesta quarta-feira (11/12) pelo Banco Central, deve piorar o quadro de pedidos de recuperação judicial no país. A avaliação é do economista Luís Alberto de Paiva, especialista em reestruturação financeira de empresas e CEO da Corporate Consulting. A Selic subiu de 11,25% para 12,25% ao ano. Para o economista, essa alta cria um ambiente ainda mais desfavorável para a renegociação de dívidas pelas empresas, que já vêm enfrentando dificuldades nos últimos anos.
“O modelo de negócios no Brasil é caracterizado por um alto nível de alavancagem de curto prazo e marcado por juros altos. O quadro atual é preocupante, porque a rolagem dessas dívidas pelas empresas, nas atuais taxas básicas de juros, dificulta ainda mais as operações”, destaca. “Juros altos e inadimplência elevada reforçam o cenário desfavorável”, completa.
De acordo com levantamento da Serasa Experian, de janeiro a outubro deste ano, já foram registrados 1.899 pedidos de recuperação judicial no Brasil. Somente no mês de outubro, foram 223 pedidos – o que representou um aumento de 37,7% em comparação com o mesmo período de 2023. Entre janeiro e setembro deste ano, o número total de pedidos de recuperação foi 73% superior ao do mesmo período do ano passado, um recorde.
“A alta taxa de juros no Brasil tem levado os devedores praticamente a uma situação de insolvência”, destaca Paiva. “Os juros altos inviabilizam o fluxo de pagamento das famílias, o que aumenta a inadimplência e compromete severamente a saúde financeira das empresas”, completa.
Matéria publicada pela
Monitor Mercantil