Pedidos de recuperação judicial chegaram a 238 registros em agosto, quantidade 76,3% maior do que no mesmo mês do ano passado. É a segunda maior quantidade de pedidos em um único mês da série histórica, iniciada em 2005. O recorde foi registrado em setembro de 2016, com 244 requisições. Os dados são compilados pela Serasa Experian.
Até então, o mês de julho de 2024 ocupava o segundo lugar no ranking de mais pedidos de recuperação judicial, com 229 requerimentos.
A alta dos pedidos nos últimos dois meses foi impulsionada por pequenas e médias empresas, que representam 183 dos requerimentos feitos em agosto e 166 em julho. Veja no gráfico e na tabela:
Para o economista do Serasa Experian, as altas dos juros e da inflação estão impactando a capacidade dos pequenos e médios empresários de arcarem com suas dívidas. “A inadimplência crescente dos consumidores afeta o fluxo de caixa delas, enquanto a dificuldade no acesso ao crédito limita suas opções de financiamento”, diz.
Falências
As empresas que fecharam as portas e declararam sua incapacidade de arcar com dívidas chegaram a uma centena em agosto. Foi a maior quantidade em um mês desde agosto de 2019, quando 162 organizações encerraram suas atividades. O número porém não está entre os maiores da série histórica que é mais longa, iniciada em 1991.
Empresas pequenas e médias também foram destaque nos pedidos de falência de agosto de 2024, com 66 no primeiro grupo e 20 no segundo.
Repercussão
Segundo Rafael S. Coelho, sócio do escritório Paschoini Advogados, o salto no número de pedidos de recuperações judiciais reflete o cenário econômico-financeiro, mas a crise, contudo, “não é nova e se arrasta há anos a fio”.
“É bom lembrar que a utilização do mecanismo da Recuperação Judicial para reestruturação empresarial contribui em muito para credibilidade e uso do instituto, afastando a ‘pecha’ de etapa pré-falimentar, para uma potente ferramenta de reestruturação e equacionamento empresarial”, diz o especialista.
Para Luís Alberto de Paiva, economista e sócio da Corporate Consulting, empresa especializada em reestruturação financeira de empresas, a estatística deve crescer mais ainda este ano. “As empresas têm se preparado para o pior e certamente, ainda em 2024, teremos o dobro dos pedidos de recuperação observados em 2023, e caminhamos para inadimplência e níveis de endividamento sem precedentes no Brasil”, avalia Paiva.
Matéria publicada pela Istoé Dinheiro